sábado, 27 de março de 2010

Tá reclamando do quê?

Infelizmente, o que vou dizer aqui é a verdade!!! E ouvir a verdade é bom!!
Tá reclamando de quê?!?!?! Coloque a mão na consciência!
Tá reclamando do Lula? do Serra? da Dilma? do Arrruda? do Sarney? do Collor? Do Renan? Do Palocci? do Delubio? Da Roseana Sarney? Dos políticos municipais? E você?

Brasileiro reclama de quê?

O Brasileiro é assim:

1. - Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas.

2. - Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas ou bloqueia as rampas dos cadeirantes da Praça Sebastião Martins ou dos Bancos.

3. - Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração.

4. - Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, dentadura.

5. - Fala no celular enquanto dirige.

6. -Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento.

7. - Para em filas duplas em frente às escolas.

8. - Viola a lei do silêncio.

9. - Dirige após consumir bebida alcoólica.

10. - Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas
desculpas.

11. - Espalha mesas, churrasqueira nas calçadas e liga o som nas alturas.

12. - Pega atestados médicos sem estar doente, só para faltar ao
trabalho.

13. - Faz "gato" de luz e de água (em Floriano é tigre, pantera, leão...)

14. - Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado,
muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos.

15. - Compra recibo para abater na declaração do imposto de
renda para pagar menos imposto.

16. - Muda a cor da pele para ingressar na universidade através
do sistema de cotas.

17. - Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou 10
pede nota fiscal de 20.

18. - Anda de moto sem capacete ou com mais de um passageiro.

19. - Estaciona em vagas exclusivas para deficientes.

20. - Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se
fosse pouco rodado.

21. - Compra produtos pirata no mercado central ou na calçada da Caixa Econômica com a plena consciência de que são piratas.

22. - Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca.

23. - Diminui a idade do filho para que este não pague passagem na hora de viajar de ônibus.

24. - Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA.

25. - Freqüenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho.

26. - Leva das empresas onde trabalha, pequenos objetos como clipes, envelopes, canetas, lápis.... como se isso não fosse roubo.

27. - Comercializa os vales-transporte e vales-refeição que recebe das empresas onde trabalha.

28. - Falsifica tudo, tudo mesmo... só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado.

29. - Quando volta do exterior, nunca diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem.

30. - Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve.

31. Jogo o lixo em qualquer lugar e depois não quer que se tenha um monte de ratos, baratas, moscas, mosquitos e outros vetores invadindo as nossas casas, transmitindo doenças como a leptospirose, peste bubônica, cólera, verminoses, febre tifóide, dengue, malária e outras, e culpa o governo por isso.

32. Joga o lixo nas ruas e não quer que o bueiro da Av. Eurípedes de Aguiar fique entupido; deixa o lixo nas prainhas do Barão, do Regatas e da Manga e quer praia limpinha no outro dia.

33. e muitas coisas a mais... a lista é grande!!!!!!!!!!

E quer que os políticos sejam honestos...

Escandaliza-se com a farra das passagens aéreas...

Esses políticos que aí estão saíram do meio desse mesmo povo ou não?
Brasileiro reclama de quê, afinal?

E é a mais pura verdade, isso que é o pior! Então sugiro adotarmos uma mudança de comportamento, começando por nós mesmos, onde for necessário!

Vamos dar o bom exemplo!

Espalhe essa idéia!

Fala-se tanto da necessidade deixar uma Floriano melhor para os nossos filhos e esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores (educados, honestos, dignos, éticos, responsáveis) para a nossa boa Floriano, através dos nossos exemplos...

Amigos, a mudança, pra surtir o efeito desejado, tem que ser de dentro pra fora.
Deve começar dentro de nós, das nossas casas, dos nossos valores, a partir das nossas atitudes!

Só assim veremos uma Floriano Forte e Honesta!

Deixo meu abraço forte para quem não faz o que tem nessa lista!

BANHO DE RIO É “BERIGOSO”




Nos anos cinqüenta, já existia esse mesmo calor que hoje aflige os dias florianenses. Para conseguir superá-lo, as famílias se reuniam em rodas nas calçadas, formadas por frescas cadeiras de espaguete ou por confortáveis espreguiçadeiras de madeira e tanga, dispostas de maneira circular. É realmente lamentável o abandono deste costume por causa da violência e da televisão, que transformam Floriano numa cidade cada vez mais impessoal.
Nas rodas, costumava-se conversar sobre o calor e sobre a ausência ou o atraso da famosa chuva dos cajus, enquanto se saboreavam refrescos de frutas da época ou o delicioso sorvete de bacuri do bar Sertã, que vinha com línguas da fruta congeladas.
Via de regra, de setembro a dezembro, a temperatura alcançava até 42ºC e exatamente por isso, se falava (e ainda hoje se fala) no calor do “bê-erre-ó-bró”.
Obviamente, o colóquio de calçada era um hábito de fim de tarde, logo depois da missa do sisudo Padre Pedro Oliveira, que acontecia às cinco horas, pontualmente.
Para espantar o pior calor, que era aquele do começo da tarde, o florianense que dispunha de mais tempo refrescava-se nas águas do Velho Parnaíba.
Assim, por volta das duas horas da tarde, a fina flor estudantil da sociedade estava de pernas de fora no cais do porto, para desespero de Padre Pedro. Nos sermões ele denunciava tal prática “libidinosa”, dizendo que a nudez no Velho Monge estava corroendo a melhor juventude da sociedade, e que, em dez anos, não haveria expoentes sociais.

Esse combate verbal diário obviamente surtia algum efeito nas mentes maternas das beatas, que proibiam os filhos (e as filhas, especialmente) de irem nadar ou tomar sol no rio.
Mas o banho era gostoso e refrescante. Apesar das pressões eclesiásticas e familiares, os jovens escapavam para o Parnaíba sempre que podiam, bolando diversos planos para contornar o problema da proibição. Quem era mais velho arquitetava a desculpa e ainda tinha que “engabelar” o mais novo para não ir junto e para não delatar.
Ora, a grande maioria dos imigrantes árabes também era católica, freqüentadora assídua das missas de Padre Pedro e seguidora de seus sermões e conselhos.
Havia, pois, um casal árabe, muito tradicional no comércio e na cultura, que tinha um negócio na Rua São Pedro, próximo ao prédio do Tradicional Floriano Clube. O marido era um senhor bonachão de meia altura, muito servidor e a mulher era uma respeitável senhora síria, muito branca e séria, mas muito amorosa e atenciosa com seus filhos.
Obviamente, essa família protagoniza diversas histórias do folclore Esfiha com Cajuína, pois deteve forte peleja com o comércio, sitiado no mesmo lugar durante muitos anos, onde se comprava e se vendia de um tudo. O estoque incluía desde linhas diversas e material para artesanato até instrumentos de carpintaria e lavoura.
Uma dessas histórias conta que para escapar do calor, o filho mais novo desse casal, resolveu aproveitar as frias águas do Parnaíba para um gostoso banho.
Na saída, sua mãe perguntou:
― “Iá habibi, fila” meu! “Iá” querido, você vai “bra” onde?
A resposta foi sincera:
― Vou banhar no rio, mamãe.
E eis que apareceu do cérebro materno uma maneira de explicar ao filhote o pecado instituído por Padre Pedro e, ao mesmo tempo, sincretizá-lo com o tradicional fatalismo árabe:
― Vai banhar no rio não, “iá habibi”, que é pecado! Rio é fundo, tem muita água e tem também boqueirão “berigoso”, onde tem pedra e menino pensa que é rasinho. Na verdade tem alçapão que “brende” menino e você morre afogado e volta chorando pra casa e eu te dou uma pisa!
Depois de tanta previsão de desastre, e como “kullo maktub” (tudo está escrito), a solução foi um gostoso banho de tina e cuia, com água fresquinha retirada do poço mesmo.

quarta-feira, 24 de março de 2010

UMA DOSE DE VENENO

Conta uma antiga história árabe-florianense que uma jovem recém-casada estava tendo problemas com a sogra. Para resolver o problema, decidiu que mataria a velha envenenada, mas temia ser descoberta e presa pelo delegado de Floriano na época, Major Carlino Nunes, famoso por castigar os criminosos com mão de ferro.
Ficou sabendo, numa conversa com amigas, de um carcamano famoso por ter trazido da Síria conhecimentos sobre como curar as mais diversas doenças. Sua “especialidade” era, sem dúvida, a ortopedia, pois reduzia fraturas com perfeição, mas também entendia de ervas, garrafadas, emplastros e chás. Usava esses conhecimentos para curar sem cobrar nada do “paciente”.
Nos idos dos anos 20, quando não havia acesso a medicina, as pessoas recorriam a quem pudesse lhes ajudar. Esse carcamano, chamado Milad Kalume, era uma dessas pessoas sempre dispostas a ajudar. Morava próximo ao mercado central (atual praça Coronel Borges), onde a afluência de transeuntes era intensa e onde costumava acudir de bom grado quem lhe pedisse socorro. Suas curas eram incríveis. Verdadeiras façanhas terapêuticas aconteceram através das mãos de “seu” Milad, de modo que os brasileiros achavam que seu nome era “Milagre” Kalume.
E por isso que a jovem foi procurar “seu” Milad. Ao encontrá-lo, nem sequer se apresentou, indo direto ao ponto:
― Senhor Milad, preciso da sua ajuda. Casei-me recentemente e não suporto a minha sogra! Ela é horrível. Não consigo acreditar que meu marido, que é uma pessoa tão doce, saiu de dentro dela. Ela é uma verdadeira jararaca. Intromete-se em todos os meus assuntos conjugais. Seria melhor se aquela velha morresse e me deixasse em paz com o filho dela. Por isso vim aqui. Quero que o senhor me dê um preparado de ervas que a mate de maneira rápida e que não levante suspeitas sobre mim. Preciso de um veneno realmente forte.
Surpreendentemente, ao invés de repreender a jovem e revoltada nora, “seu” Milad disse, naquele português rebuscado e com um leve sotaque árabe:
― Eu tenho exatamente o que você precisa, “iá habiba”. Um veneno muito “botente”, feito de ervas que eu trouxe da Síria. Não tem sabor e não deixa rastros na corrente sanguínea. Todavia, mata muito lentamente que é para não se levantarem suspeitas. A “bessoa” que o tomar diariamente misturado na comida, sentir-se-á forte num primeiro momento e depois, paulatinamente, há de ficar cada vez mais fraca, simulando uma doença séria, para a qual não há diagnóstico. Vai chegar o dia em que simplesmente a alegria vai embora e a “bessoa” morre sem acusar o envenenador.
― E eu vou ter que esperar muito? ― perguntou a jovem. Seu Milad sentenciou:
― É “breciso” ter paciência, minha cara, pois o efeito do veneno é acumulativo e só piora com o passar do tempo. Mas, para garantir que ninguém desconfie de ti, trata a tua sogra com respeito, paciência e carinho. Se ela começar uma briga, fica calada e espera o dia em que o veneno vai te dar consolo. Faz as vontades dela e prepara a comida dela todos os dias. Oferece para ela chás, café e refrescos e neles coloca um pouquinho do veneno. “Te faz” de amiga atenciosa e ouve sempre o que ela tem a dizer. Procura resolver problemas para ela. “Te faz” presente e vê todos os dias o veneno fazer o efeito desejado.
A jovem ouviu com atenção e foi para casa com pressa para por em prática o plano arquitetado pelo árabe.
Todos os dias dava atenção à sogra, fazendo-lhe pessoalmente o prato e tratando-a com respeito e carinho dissimulados, para ir colocando sempre na comida dela doses pequenas do veneno dado por “seu” Milad.
E aconteceu como o árabe previra. A sogra passou cerca de cinco meses mais forte do que nunca, até que, entrando no sexto mês, a velha acamou-se com uma doença misteriosa, que lhe deixara febril e com uma forte diarréia.
Ao ver a sogra muito mal, a jovem preocupou-se. Naquele tempo em que tratara a sogra de maneira dissimuladamente carinhosa, aproximara-se dela, conseguindo enxergar o que o rancor não lhe permitia. No fundo, a sogra era uma boa pessoa. As brigas aconteceram simplesmente porque a necessidade de ter que repartir a atenção do filho com outra mulher, mais jovem e exógena, incomodaria qualquer mãe.
Percebendo que já gostava muito da sogra, a jovem se desesperou. Como poderia deixar a mãe de seu marido simplesmente morrer envenenada? Que traição mais cruel, essa que ela planejara! Resolveu procurar o carcamano mais uma vez. Ele haveria de ter um antídoto tão potente quanto o veneno.
Logo que “seu” Milad a viu, foi logo perguntando se a velha já tinha ido para o inferno.
Ela lhe contou o problema. Falou-lhe que a velha esteve mais forte do que nunca durante um tempo e que, de repente, caiu acamada, com febre e disenteria. Disse-lhe do seu arrependimento em querer matar a sogra e suplicou ao árabe que lhe desse um antídoto o mais rápido possível.
O carcamano caiu na gargalhada. Quando se recompôs, segurou as mãos da jovem e disse olhando-lhe nos olhos:
― Minha cara, o veneno estava no teu coração. Aquilo que eu te dei para ser misturado na comida de tua sogra eram vitaminas. O melhor antídoto é o amor e esse eu te ensinei a administrar no dia em que me procuraste. Vai pra casa e faz um chá de olho de goiaba para tua sogra que ela está é com dor de barriga mesmo.